BIOGRAFIA


voltar

Sergio Rodrigues - O Brasil na ponta do lápis

Texto e pesquisa: Regina Zappa
capítulos


P M G


A reedição pela LinBrasil

Vera Beatriz saiu em busca de produtores para relançar os móveis do Sergio

 

Quando deixou a Oca, Sergio perdeu os direitos de suas obras, que ficaram com a empresa. Ao sair, ele deixou todo o seu patrimônio. Nunca tinha registrado os móveis que criou em seu nome. Oficialmente, eram móveis da Oca e não do Sergio Rodrigues. Anos depois, na década de 1990, a Oca foi vendida para uma empresa americana. Eles puseram lá apenas móveis importados e mantiveram o nome. Os americanos não deram valor aos móveis do Sergio. Passaram a comprar e revender móveis. Quando decidiram vender a Oca telefonaram para Sergio e, por sorte, Vera Beatriz atendeu. Eles queriam vender para Sergio os projetos do próprio Sergio. “Como Sergio vai comprar desenhos dele? Ele tem propriedade intelectual, vamos botar vocês na Justiça”, respondeu Vera. Os americanos acabaram fechando a loja e foram embora do Brasil, largando para trás os projetos de Sergio.

Depois que resolveu assumir os negócios do Sergio, Vera Beatriz organizou toda a sua vida pessoal e profissional. Quando se casaram, Sergio exercia sua profissão de arquiteto, e já não lidava tanto com a produção de móveis. Vera sabia que ele tinha que voltar a fabricar seus projetos e retomar a criação e produção de móveis. Facilidade para interagir com pessoas e negociar ela sempre teve. Determinada, doce, mas firme, ela estava pronta para relançar Sergio e suas criações.

Nesse momento, Vera começou a empreitada para relançar os móveis do Sergio. Viajaram para o Sul em busca de possíveis produtores, ofereceram nas fábricas, foram a São Paulo, Bento Gonçalves. “Naquela época ninguém dava bola para design. Os donos de fábrica queriam ficar ricos logo e ter móveis fáceis de fazer, que botassem na máquina e vendessem. Achavam lindo, mas muito caro e muito difícil de fabricar porque eram móveis semiartesanais.”

Quando chegava um móvel do Sergio, os fabricantes ficavam animados, mas depois achavam inviável. “Os empresários no Brasil não tinham ainda noção de design”, comenta Vera Beatriz. “Isso foi entre 1975 e 1980.” 

Enquanto Vera tentava encontrar um fabricante que fizesse os móveis do Sergio, duas exposições de seu trabalho marcaram época e trouxeram Sergio de volta à tona dos acontecimentos. Uma foi no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1991. O MAM cedeu um salão maravilhoso e Sergio e Vera, sem verba para fazer a exposição, tiveram que usar de imaginação e criatividade. Tinham que comprar os praticáveis para expor os móveis e pagar toda a montagem. Vera Beatriz já tinha investido no projeto dos móveis de Sergio tudo o que tinha e o que havia herdado da mãe. Com a cara e a coragem, pediram, então, ajuda à Kati de Almeida Braga, da empresa de seguros Icatu. Foi a solução que caiu do céu. Kati topou e sua empresa financiou parte da exposição, que foi um sucesso. A exposição mostrava a data em que os móveis tinham sido criados, por ordem cronológica, e havia fotos de Sergio de todas essas épocas, como uma linha do tempo marcando a sua trajetória. O amigo Adolfo Bloch mandou fazer os cartazes e os folhetos com o programa e a descrição da exposição, que ficou muito tempo em cartaz.

Da esquerda para direita, Sergio Rodrigues, Vera Beatriz e Dolly Soares, no estúdio de Sergio, em Botafogo - Rio de Janeiro, 1980.
Da esquerda para direita, Sergio Rodrigues, Vera Beatriz e Dolly Soares, no estúdio de Sergio, em Botafogo - Rio de Janeiro, 1980.


Sergio Rodrigues demonstrando a poltrona Leve Kilin a Gisele Pereira Schwartsbud (proprietária da Lin Brasil) na década de 1990.
Sergio Rodrigues demonstrando a poltrona Leve Kilin a Gisele Pereira Schwartsbud (proprietária da Lin Brasil) na década de 1990.


Fachada do estúdio de Sergio Rodrigues, Botafogo - Rio de Janeiro, década de 2000.
Fachada do estúdio de Sergio Rodrigues, Botafogo - Rio de Janeiro, década de 2000.


Interior do estúdio de Sergio Rodrigues, Botafogo - Rio de Janeiro, década de 2000.
Interior do estúdio de Sergio Rodrigues, Botafogo - Rio de Janeiro, década de 2000.